Evangelização
Atividades: Domingo | 09hs - Escola Dominical | 18hs - Culto | Quarta-Feira - 19hs - Estudo Bíblico.
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Família


Família!

Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam…" Salmo 127.1

A palavra casa, neste verso, não tem um significado físico, mas sim uma o de uma "casa-família", isto è, um lugar de comunhão, composto de vários membros, ligados por um relacionamento entre pais e filhos, marido e esposa. A presença de Deus, como construtor, no seio da família, é de real importância, porque não se pode haver uma felicidade duradoura sem uma ajuda constante de Deus.

 A prioridade absoluta afim que a "casa-família" possa, no tempo, manter o amor, a unidade e a prosperidade, não depende só das condições econômicas ou da capacidade humana em administrá-la, mas sim do ensinamento dos princípios fundamentais bíblicos e da presença de Deus.

 Pode parecer impossível, porém esta é uma realidade: às vezes alguém quer que Deus opere em sua vida, sem que esta mesma operação seja extensiva à sua casa: Deus quer nos abençoar individualmente, mas muito mais coletivamente. Vivemos em um mundo onde o matrimônio não é considerado mais como instituição divina, e as pessoas vêem a família apenas como instituição social, com propósitos e finalidades egoístas e sem sérios compromissos, podendo iniciar e findar em qualquer tempo, esquecendo-se das profundas feridas que permanecerão abertas até o fim das vidas envolvidas.

 A família faz parte do plano de Deus para o homem. Deus formou a família no jardim do Éden e fez com que o primeiro casal tivesse alegria, e mais, o privilégio de gerar e criar filhos. O profeta Malaquias (2:15) reafirma um dos propósitos de Deus na família: a procriação de filhos piedosos que temem e obedecem ao Senhor. Através do Antigo Testamento, e de modo especial em Deuteronômio, Deus orienta seu povo a respeito de como os pais devem educar, instruir e guiar os seus filhos. A família é uma das boas dádivas de Deus. A vida familiar pode e deve ser como um paraíso na terra. Deus há fez assim. É possível! O segredo do sucesso é simples: obedecer a Deus e seguir as suas instruções. Não esquecendo do Sl 119.105: "Lâmpada para os meus pés è a tua palavra, e luz para o meu caminho".

A família deve viver diariamente momentos de comunhão, proporcionando aos seus membros: 1° Formação física: através da convivência, dos bons exemplos, è que se desenvolve o corpo a personalidade e o caráter, harmoniosamente. A família alem de alimentar o corpo, deve alimentar também a alma. 2° Informação: Os valores morais e espirituais são passados aos filhos e estes lhes servem para o desenvolvimento da vida, valores que são eternos. 3° Diálogo: é essencial conversar sobre os ideais, sobre os anseios e tristezas, vitórias e alegrias, as experiências do dia a dia, vida escolar, profissional, o que se vê e o que se ouve, tem no lar o melhor ambiente para serem analisados, sempre com muito temor a Deus. 4° Troca de experiências: não só os filhos devem aprenderem com os pais, mas também os pais com os filhos as experiências vividas no dia a dia, selecionando-as, e aplicando-as para o bem estar de todos. 5° Momentos de lazer e recordações: a família precisa gozar juntos, dos momentos de passeios e recordações, de passagens familiares que não podem ser esquecidos, conservando assim a sua própria história. 6° Ensino sobre a fé: são momentos de comunhão com Deus, onde Ele è exaltado e o nome de Jesus è proclamado. Cânticos, orações e estudos bíblicos, em família, enriquece a todos.

Sabemos que muitas são as barreiras encontradas na vida familiar: o corre-corre do dia a dia, filhos abandonados ao seu próprio destino, desvalorização da convivência familiar, o egoísmo, a interferência da televisão e outros meios de comunicação, o consumimos, a perda dos conceitos divinos estabelecidos para a família etc. Mas com tudo isto, nós cristãos somos chamados a fazer do nosso lar um lugar onde o Espírito Santo tenha a primazia em nossas vidas, e que todos os membros da família trabalhe pela felicidade um do outro, harmoniosamente, agradando a Deus e vivendo melhor, é possível.

O Brasil para Cristo - Anônimo.

Adoração

 

Adoração!

Muitos crentes e igrejas, em todo mundo, estão redescobrindo a verdade a respeito da adoração reformada. Isso é uma providência maravilhosa da parte de Deus, mas na maioria das vezes essa verdade reformada se limita apenas à doutrina da salvação. Em outras palavras a reforma estancou no ponto referente às doutrinas da graça e não foi além, não progrediu para outras áreas, como por exemplo, a vida cristã e o culto cristão. Isto na verdade não é uma reforma plena porque a reforma verdadeira e plena atinge todas as áreas da plenitude e da vida dos cristãos e da Igreja. Quero falar sobre o tópico da necessidade de se trazer reforma para toda a área que diz respeito à adoração. Gostaria de tratar de três áreas deste tema. Na primeira gostaria de tratar da história da reforma da adoração. Em segundo lugar, do regulamento da adoração bíblica, e em terceiro lugar tratar das razões para termos uma adoração bíblica.

I) A Reforma da Adoração Bíblica. 

Quando os reformadores redescobriram o evangelho bíblico, eles também perceberam a necessidade da redescoberta da adoração bíblica. Quando perceberam a salvação em termos de glorificar a Deus, nos termos da centralidade de Deus, então perceberam que a adoração resultante disso também deve ser uma adoração centrada em Deus e que glorifique a Deus. Eles viam tantas coisas e acréscimos humanos colocados na adoração a Deus como os altares, vestimentas, velas, outros sacramentos, incensos, etc. e para retornar a uma adoração centrada em Deus eles tinham de jogar fora todos aqueles acréscimos humanos.  Martinho Lutero iniciou este processo. Zuínglio, Martin Bucer e Calvino continuaram depois dele. Cada um deles ia jogando fora mais e mais aquilo que pertencia à imaginação humana e trazendo mais e mais aquilo que era centrado em Deus. Eles entenderam que nesta área da adoração, a melhor forma de se centralizar em Deus era se centrando na Palavra. Quando eles jogaram fora tudo que era feito pelo homem, isso deixou um vácuo a ser preenchido. Dentro deste vácuo eles tinham de colocar a adoração centrada na Palavra de Deus.

Vamos inicialmente focalizar esta área dos cânticos de louvor. A Reforma passou por dois estágios na reforma dos cânticos na Igreja. Em primeiro lugar, Lutero foi o pai do cântico congregacional. Ele viu que por mais de mil anos na Igreja os cânticos estavam nas mãos dos corais, dos monges e das freiras e não nas mãos do povo de Deus. Uma das primeiras coisas que Martinho Lutero fez em 1524 foi introduzir na Igreja o uso do hinário. Lutero deu de volta ao povo de Deus o cântico congregacional. Eles não precisavam mais vir ao culto vendo-o apenas como uma forma de performance, mas eles vinham para participar. A segunda etapa foi com Calvino. Lutero restaurou o louvor congregacional, mas Calvino restaurou a cântico bíblico. Calvino via que na igreja primitiva, início do Novo Testamento, a igreja cantava os salmos. Ele percebeu que o coração não apenas deve ser guiado pela Bíblia, mas que a adoração deve ser repleta de Bíblia e que o cântico na adoração bíblica não precisa apenas ser guiado pelos princípios bíblicos, mas deveria ser cheio de conteúdo bíblico. Então, Calvino reintroduziu o saltério na igreja de Cristo. Para Calvino a adoração a Deus deveria ser o encontro com a Palavra, a leitura da Palavra, a pregação da Palavra, o cântico da Palavra. Tudo tinha de ser centralizado na Palavra de Deus. Esta é uma breve história da reforma do culto bíblico.

II) A Regulamentação da Adoração Bíblica

Todo cristão tem alguma regulamentação acerca da adoração. Todo crente coloca uma “linha” (limite) em algum lugar no culto. De um lado da linha há uma adoração aceitável e do outro lado da linha uma que é inaceitável. Todos nós estamos de acordo que existem algumas coisas que são boas para o culto e outras que não devem existir no culto. A única questão é: Como e onde vamos colocar esta “linha” demarcatória? Qual a regra que vamos seguir para saber qual é o aceitável e o inaceitável? Deixe-me dar algumas regras que são usadas em nossos dias. Todos nós temos alguma destas regras.

a) O Passado. “Sempre foi assim!”. E se foi suficiente para as pessoas do passado, será bom para nós também hoje. Nossos pais adoraram assim então nós adoraremos assim. Dessa forma o passado é a regra para o presente.

b) A Preferência. É a regra do que eu gosto, do que eu quero e do que eu acho agradável. Eu gosto assim; eu me sinto bem com isso; isso está de acordo com minha personalidade. É a minha preferência.

c) Pragmatismo. Funciona, atrai pessoas e é popular? Então, vamos fazer assim! Não fazer de outra forma porque isso não seria popular e não atrairia as pessoas. Assim, nossa regra é o pragmatismo: o que funciona.

d) Proibição. Tudo é permitido desde que não seja explicitamente proibido na Palavra de Deus. Esse foi o princípio que Lutero usou. Ele basicamente disse: Se a Bíblia não proíbe as velas, então podemos usá-las e assim por diante. Então, se não houver uma clara proibição, podemos fazer. A Bíblia não proíbe em nenhum lugar a dramatização no culto, então pode-se usar o drama, o teatro e assim por diante.

Eu diria que estas são as quatro regras mais usadas hoje pelas pessoas para saber o que devem fazer no culto. Mas a pergunta a ser feita é: isso é Bíblico? A resposta é: Não! Então, qual é a regra bíblica? É a regra usada por Calvino que a descobriu na Palavra de Deus: Somente aquilo que é ordenado na Bíblia deve ser permitido no culto a Deus. Verdadeira adoração é adoração ordenada nas Escrituras conforme a vontade de Deus. Se não for ordenado, não é autorizado. A Bíblia ordena dramatização, teatro, no culto? Não. A Bíblia ordena o uso de velas? Não. A Bíblia ordena o uso de vestimentas clericais? Não. Então, temos aqui a regra mais radical de todas. É o Princípio Regulador. Mas, de certa forma nós podemos dizer que todas aquelas regras são “princípios reguladores”. Todas elas regras regulam o culto. Então, todos nós temos algum tipo de princípio regulador. Então a pergunta é: Será que este nosso princípio regulador é o Princípio Regulador da Bíblia? O Princípio Regulador bíblico, como podemos demonstrar, é a prescrição. Somente aquilo que foi ordenado é permitido. Quando estamos considerando nossa adoração, é esta a pergunta que devemos fazer: Deus ordenou isso? Não devemos perguntar: Ele proibiu isso? Isso foi sempre feito assim? Gostamos disso? Também não devemos perguntar, “isso funciona?”. E assim por diante.

Por que Deus fez assim com oculto? Em parte é porque temos corações pecaminosos e corruptos. Nossos corações não são confiáveis! E não podemos confiar em nossos corações para acharmos a forma correta de adorar a Deus. Por isso Deus nos deu direcionamento suficiente para que sigamos. E este direcionamento é uma direção externa a nós. Deus tem o direito de decidir como Ele mesmo quer que seja adorado. Pense no presidente do Brasil. É ele que decide como funciona seu governo, como as pessoas devem se aproximar dele. Ele decide o cerimonial para receber as pessoas. Se nós desejamos agradá-lo, então vamos seguir tudo aquilo que ele determinou. E se os governadores humanos fazem assim, quanto mais o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores. De onde tiramos isso na Bíblia?

Vejamos em Levítico 10. 1-3:

“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou” (Lv 10:1-3).

Vejamos aqui a frase-chave, no final do v. 1: “o que lhes não ordenara”.

Estes homens eram religiosos e adoradores; tinham boas intenções e provavelmente eram sinceros, mas fizeram o que não havia sido ordenado por Deus.

E também em 1 Crônicas 15.13:

“Pois, visto que não a levastes na primeira vez, o SENHOR, nosso Deus, irrompeu contra nós, porque, então, não o buscamos, segundo nos fora ordenado”.

Lembramos que aqui Davi e o povo de Israel tentaram levar a arca da aliança e isto era uma coisa boa; estavam com muita sinceridade, tinham boa motivação. Mas eles não fizeram segundo as ordenanças de Deus. Por isso, quando Uzá tentou tocar na arca, Deus o matou. Assim eles disseram: “não o buscamos, segundo nos fora ordenado”. Podemos ver a mesma coisa com o Rei Jeroboão e o Rei Uzias que foram castigados por terem adorado a Deus de uma forma que Ele não tinha ordenado. Deus tem nos dado muitas advertências sobre o que Deus nos fará se não respeitamos aquilo que Ele tem definido. Quando nós realmente abraçamos este princípio de que somente aquilo que Deus tem ordenado é legítimo no culto, o que sobra?

A Confissão de Fé de Westminster inclui estes dois versículos citados, no 2º Mandamento da Lei e no Capítulo XXI, I (Do Culto e do Dia de Repouso) afirma:

“Mas a forma aceitável de cultuar o Deus verdadeiro é instituída por sua própria vontade revelada, de modo que ele não pode ser cultuado segundo as imaginações e invenções humanas, nem segundo as sugestões de Satanás, sob alguma representação visível, ou por qualquer outra forma não prescrita na Sagrada Escritura” (CFW).

Veja o que lemos aqui. Nós não podemos adorar a Deus usando ídolos ou qualquer outra forma não ordenada na Palavra. Mas alguém poderia dizer; “Eu nunca iria adorar a Deus com ídolos”, mas aqui a Confissão de Fé de Westminster reúne o ensino bíblico sobre este assunto e diz que qualquer adoração que não encontra prescrição ordenada por Deus na Palavra, é idolatria.  Não é que você está adorando ao Deus errado, mas a questão é que você está adorando a Deus de forma errada; de uma forma não ordenada nas Sagradas Escrituras. Então, podemos usar isso também na área do louvor, nos cânticos, porque podemos aplicar este princípio a todas as áreas do culto. Do início até o fim, Deus tem ordenado esta área ou aquela; Ele ordena isto e aquilo. E nos cânticos de louvor, o que Deus nos ordenou a usar? Segundo o pensamento dos reformadores, Deus nos ordenou o cântico dos Salmos. No Velho Testamento temos exemplos dos Salmos sendo cantados, mas também no Novo Testamento. Por exemplo, Colossenses 3:16 ? “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”e Efésios 5:19. À primeira vista, vendo estes versículos você pode dizer: “Então eu posso cantar não apenas Salmos, mas outros cânticos também”. Temos duas coisas a dizer em resposta a esta afirmação:

1) Os títulos dos Salmos do Velho Testamento

Primeiro, vejamos os títulos dos Salmos do VT. Eles são traduzidos em grego (na Septuaginta) usando estes três títulos colocados nestes versículos citados. Quando Paulo está falando deste cantar os “salmos, cânticos e hinos espirituais”, ele está se referindo ao livro de Salmos que contém “salmos, hinos e cânticos espirituais”. Esta expressão, “cânticos espirituais”, significa cânticos do Espírito Santo ? Cânticos inspirados pelo Espírito Santo. Pelos títulos dos Salmos, nós entendemos que Paulo está dizendo: “Salmos, Salmos e mais Salmos”.

2) Exemplo do Novo Testamento

A segunda coisa é o exemplo que temos no NT. Por exemplo, Mateus 26.30: “E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras”. Veja: “... tendo cantado um hino”. Aqui Jesus estava sentado com seus discípulos na última Ceia Pascal e na primeira mesa da Santa Ceia.

Mais uma vez hino, no grego, significa Salmo. Naquela época, esta era uma prática bem conhecida na igreja judaica. Quando os judeus estavam celebrando a páscoa, eles cantavam os hinos pascais. Esses hinos pascais nós os encontramos dos Salmos 113 ao 118. Jesus cantou com seus discípulos estes hinos. Um comentarista disse que o canto destes Salmos de Hallel, por Cristo e seus discípulos na noite da Sua traição, marca o momento no qual o saltério passa da antiga dispensação para a nova dispensação, porque acompanhou a última celebração da páscoa e a primeira celebração da Santa Ceia do Senhor. Neste versículo Jesus está dizendo que estes mesmos Salmos do Antigo Testamento são adequados e suficientes no Novo Testamento.

Então, como vimos antes, no Velho Testamento nós temos prescrição e exemplo. Mas também no Novo Testamento nós temos prescrição e exemplo. Vemos, portanto, como os reformadores restauraram o Princípio Regulador do culto. Sendo assim, o culto precisa ser algo ordenado hoje.

Recentemente li uma citação de Ray Lanning que é um perito reformado neste assunto de culto e ele dizia: “Das muitas mudanças implementadas pelos reformadores, nenhuma foi mais dramática do que a mudança do culto público”. Calvino disse: “Todo serviço a Deus que é inventado pelo cérebro do homem na religião de Deus sem o Seu expresso mandamento é idolatria”. Estas palavras são bem sérias.

III) As Razões do Culto Bíblico

Por que tudo isso é importante? Por que estamos enfatizando estas coisas? Por que Deus deseja assim?

1º) Primeiro, porque seguindo este padrão bíblico, conseguiremos ter simplicidade. Todas as decisões sobre o que deve existir no culto se tornam tão simples. Não importa quantas pessoas, sejam elas jovens ou velhas, cheguem dizendo: “Esta é uma idéia ótima para o culto”. Nós não precisamos consultar o passado, não precisamos perguntar se isso vai ser popular, não precisamos perguntar se isso vai funcionar, não é necessário procurar na Bíblia para ver se há uma provisão, mas simplesmente perguntar: “Isso foi ordenado? Isso é requerido?”. Simplicidade! Realmente isso iria simplificar de forma impressionante os cultos de adoração nas igrejas.

2º) Um segunda razão é a espiritualidade. A igreja Católica Romana chegou a ter um sistema de culto tão complexo que o povo ficava vendo apenas aquilo que é externo na adoração. Eles esqueceram que Deus quer ver nosso coração e que é necessário que o culto seja espiritual. Quanto mais tornamos complexo nosso culto, mais externo, mais exterior ele se torna. Mas se tiramos tudo que apela aos nossos olhos e nossos sentidos, nossa visão, nosso tato, então chegarem a ter algo bem simples. Assim podemos no focar no coração e não naquilo que está lá fora. Por isso os reformadores pintaram de cal todas as igrejas, por dentro e por fora. Tiraram todas as janelas com seus vitrais coloridos; aboliram todas as vestimentas clericais; todos os incensos e sinos; tudo que impressionava os olhos. “Vamos simplificar”, eles disseram “para que o povo possa novamente adorar de coração. Isso melhora a espiritualidade”. Já participei de reuniões onde a adoração foi tão extravagante, impressionante aos olhos e aos ouvidos. De fato isso tem sido demasiado para ser provado, vivenciado. Nestas adorações os sentidos têm sido tão estimulados que nos faz perguntar se aqui está sendo realizado um culto que parte do coração.

3º) A terceira razão é a unidade. Qual é a conseqüência quando as pessoas estão seguindo várias regras quanto ao culto? A consequência é a divisão da igreja de Cristo! Cada igreja faz aquilo que agrada aos seus próprios olhos. Um dia você entra em uma igreja, outro dia em outra igreja, e percebe uma diferença enorme entre elas. Uma diferença tão grande que estas igrejas nunca chegarão a se reunir para adorar juntas. Todas aquelas regras não bíblicas têm levado a Igreja às chamadas guerras litúrgicas. Imaginemos se todas as igrejas no Brasil fechassem as suas portas e tivessem uma reunião a portas fechadas. Dissessem: “Vamos abrir a Bíblia e, baseados na Palavra de Deus, vamos decidir o que Deus ordena para estar presente em nossos cultos; se acharmos alguma coisa que é ordenada na Bíblia, isso estará presente; se não acharmos uma ordenança para determinada coisa, isso fica fora”. Não temos dúvida de que muitas coisas seriam colocadas fora. Mas, imaginemos se depois dessa decisão as portas fossem abertas e todos se reunissem para adoração uma conjunta. Todos eles estariam na “mesma página”. Talvez isso requeresse algum tempo, mas todos chegariam ao mesmo ponto. Isso uniria as igrejas de forma extraordinária e impressionante. Impressionaria o mundo, também. Isso impactaria o mundo mais do que nossas divisões estão fazendo.

4º) Uma quarta razão é a glória de Deus. Se nós dissermos: “Nós não somos confiáveis para dizer o que é apropriado para o culto; só Deus tem o direito de dizer o que é legítimo na adoração e eu me submeto a tudo aquilo que Ele ordena”. O que isso diz? Diz que Deus esteja em seu trono e eu esteja no pó! Isso dá a Deus o seu direito e nos torna seus servos. Assim Deus é glorificado.

Mais uma vez vamos nos focar apenas nos Salmos.

1) Podemos cantar os Salmos a Cristo. Quando lemos a palavra “Deus” ou “Senhor” ou “Rei”, nos Salmos, podemos cantar estas coisas a Cristo o Senhor, Cristo o Rei. Seus títulos e seus nomes se acham em todos os Salmos. Cristo o Criador, Cristo o Provedor, Cristo o Guia, Cristo o Defensor, e assim por diante... Então cantaremos estes Salmos de uma forma trinitariana.

2) Em segundo lugar podemos catar os Salmos de Cristo (acerca de Cristo). Quantos salmos estão profetizando sobre a vinda de Cristo a este mundo? Fiz uma lista rápida. Veja o Salmo 45:6 que fala da divindade de Cristo; Salmo 2:7 que diz que Ele é o Filho eterno; Salmo 8:5 que fala da encarnação de Cristo; os ofícios de Cristo como mediador, Salmo 40:9-10 e Salmo 110:4; Salmo 41:9, que fala da traição do Senhor; o julgamento de Cristo, Salmo 35:11;  a rejeição de Cristo, Salmo 22:6; o sepultamento e rejeição de Cristo, Salmo 16: 9-11; a ascensão de Cristo, Salmo 47:5; a segunda vinda de Cristo, Salmo 50:3-4. Mas de fato Cristo não está nos Salmos, não é? Está ou não está? Muitos têm a vista curta. Todos os Salmos que estamos entoando, cantam Cristo. Nós cantamos a Cristo e nós cantamos de Cristo.

3) Em terceiro lugar cantamos por meio de Cristo. Quando estamos oferecendo um culto a nosso Deus, devemos oferecê-lo pela mediação de Cristo.

4) Em quarto lugar cantamos com Cristo. Que hinário Cristo usava quando neste mundo? Ele usava o livro de Salmos. Isso era o maná da Sua alma. Esses foram os salmos, os cânticos que sua mãe o ensinou a cantar. Foram os cânticos que Ele tinha na memória quando estava na Sinagoga; foram estes os cânticos que gradativamente lhe revelavam todas as implicações do seu trabalho como Mediador. Portanto, vemos que em momentos críticos e importantes de sua vida, estes Salmos surgem em seu coração. Estes Salmos edificavam sua própria alma. O primeiro Salmo que uma mãe judaica ensinava a seu filho era aquele que dizia: “Em tuas mãos entrego o meu espírito”. Quais fora as últimas palavras que saíram da boca de Jesus? Veja o salmo 22 e o 69. Eles nos revelam tudo que estava se passando na mente e no coração de Jesus quando ele estava morrendo. Os Evangelhos nos revelam e relatam muitas coisas dos sofrimentos externos de Cristo, mas não chegam a nos informar aquilo que estava se passando no seu coração. Mas os Salmos nos informam disso. Mil anos antes do evento da morte de Jesus estes Salmos profetizam e nos predizem os pensamentos, temores e desejos que encheram o coração de Jesus. Então, quando estamos cantando os Salmos guardemos em nossas mentes o fato de que Cristo cantava estes Salmos, meditava neles. Onde e quando Cristo cantou estes Salmos? Como Ele cantou estes Salmos? Você não teria muito prazer e gozo em ouvir o próprio Cristo cantando estes Salmos? Por exemplo, não seria prazeroso ouvi-lo cantando as palavras do Salmo 118.17-19?

“Não morrerei, mas viverei; e contarei as obras do SENHOR. O SENHOR me castigou muito, mas não me entregou à morte. Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas, e louvarei ao SENHOR”.

Veja o Salmo 69. 19-21:

“Tu conheces a minha afronta, a minha vergonha e o meu vexame; todos os meus adversários estão à tua vista. O opróbrio partiu-me o coração, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; por consoladores, e não os achei. Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre”.

São palavras muitíssimo emocionantes. Procure pensar em Cristo cantando estes cânticos no culto doméstico e em particular. Lemos de Cristo saindo à noite para o deserto para orar e clamar a seu Pai. Não teria Ele usado destas palavras em seus lábios santos? Não teria cantados todos estes cânticos com todo sentimento e paixão? Jesus cantava aquilo que Ele mesmo iria experimentar. Como Ele os cantou? Quando Ele os cantou? Ele era o salvador dos Salmos. Que privilégio podermos tomar estes mesmos cânticos em nossos lábios e podermos cantar com Cristo como Ele cantou. Ele cantou assim e nós cantamos também. Nós cantamos a Ele, nós cantamos Dele, cantamos por meio Dele e com Ele.</p> <p style="text-align: left; ">Deixe-me encerrar com algumas colocações finais:

1) Por que fazemos o que fazemos? Qualquer que seja o modo de nosso culto é preciso que entendamos o porquê estamos fazendo assim. Não é suficiente dizermos que sempre foi feito assim ou que todo mundo faz assim ou que nos agrada fazer assim, porque isso não é uma defesa contra a corrupção do nosso coração. A única defesa contra a corrupção do nosso culto é o seguinte: Isto Deus tem nos ORDENADO! Segure, entenda, examine e aplique este princípio e seja capaz de defender toda a parte da sua adoração à luz deste princípio.

2) Adore de verdade. Uma coisa é dar uma palestra sobre adoração. Uma coisa é lermos muitos livros sobre adoração, e pode se tornar até um perito no assunto de adoração. Mas você sabe adorar? Você se dobra a Deus? Em sua vida há uma adoração real, de coração a coração, ao seu amado Salvador?

3) Vamos ter a coragem de fazer uma reforma em nosso culto se assim for necessário. Lembram-se do que Jesus disse em Mateus 15.8-9: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”. Notem que não são os preceitos de Deus, mas de homens. Ele diz: “em vão me adoram”. Então, vamos ter a coragem de fazer uma reforma na adoração.

4) Vamos tentar persuadir outras pessoas. É esta a palavra correta: PERSUADIR. Mas não vamos agir de forma a destruir igrejas, mas vamos usar de gentileza, de forma sábia, gradativa, tentando ganhar as pessoas, tendo paciência com elas porque por muitas vezes elas foram abençoadas com outros hinos e corinhos em suas vidas. Você não deve esperar que de uma forma súbita elas entendam tudo isso, mas de uma forma gradativa, introduzindo mais e mais um culto bíblico. Um puritano, William Romaine, disse: “Eu sei que esta adoração é um ponto que dói, por isso eu vou tocar nele de uma forma muito delicada, com a maior gentileza que eu posso, na esperança de fazer algum bem”. Ninguém se achega a um ferimento para traumatizá-la no intuito de curar. Mas vai como uma mãe ou uma amável enfermeira, com muita habilidade e cuidado limpando e cuidando lentamente. Mantenha sempre na mente o grande propósito: Não apenas uma igreja pura e purificada, mas uma igreja unida e cheia de amor.

Existem duas formas eficazes para se persuadir e que são muito melhor do que todas as palestras que você possa dar: 

(1) Cante os Salmos com alegria no coração. 

(2) Se você é pastor pregue os Salmos. Se olhar para trás, para a história do culto bíblico, a época quando os Salmos caíram em desuso, essas épocas também coincidiram com o momento quando não se tinha a pregação de Cristo nos Salmos. Quando você estiver pregando Cristo nos Salmos será muito mais fácil persuadir o povo a cantar os Salmos para Cristo.

5) Em último lugar. Toda nossa adoração deve ser uma antecipação do céu. Deve ter um sabor do céu vindouro. Esse é o grande fim da adoração, nos levar ao céu e até trazer o céu até nós. Naquele dia quando não haverá mais nenhuma divisão e nenhum argumento restará e todo propósito da adoração aqui na terra deve ser para nos dá um pequeno sabor do céu vindouro. Esperamos e oramos que esta seja nossa experiência.

Transcrição da palestra proferida por Dr. David Murray na Sala de Leitura da CLIRE e do Projeto Os Puritanos em Recife e repetida no Simpósio Os Puritanos em Maragogi/AL

Perguntas e respostas feitas após a palestra em Recife

1ª Pergunta:

Na Bíblia existem outros cânticos. O de Maria, o de Ana, o de Simeão, nas cartas de Paulo, em Apocalipse e outros locais. Muitos argumentam contra Salmodia exclusiva afirmando que estes hinos eram cantados, e não eram Salmos. O que dizer deste argumento?

Resposta: É sempre bom, em todas as áreas da vida, começar com um princípio e depois tratar dos casos mais difíceis. Por exemplo, o caso do aborto. Muitas pessoas começam este tema com os casos mais difíceis como incesto e estupro e concluem que devemos praticar aborto livre. Eles não começam com o princípio e, à luz do princípio, olhar para os casos mais difíceis. Então, a primeira pergunta é: Isto é um princípio bíblico? Se for, então devemos começar por isto e depois olhar tudo à luz deste princípio, olhar os casos mais difíceis à luz deste princípio. Não devemos olhar para os casos difíceis e jogar fora o princípio. Como nós devemos ver estes cânticos que as pessoas alegam serem cânticos das Escrituras e que não são Salmos? Primeiro, eu acho que muitos dos cânticos que as pessoas alegam serem cânticos nem são cânticos. Por exemplo, em Filipenses 2, nada indica que seja um cântico, apenas os comentaristas dizem que é um cântico. Em segundo lugar, o cântico de Maria e o cântico de Simeão, foram realmente cânticos de louvor inspirados, mas nunca foram usados no louvor público a Deus. O princípio do qual estamos mencionando fala do culto público, onde Deus é adorado de uma forma organizada e formal. Este princípio não diz que as pessoas, em seus momentos devocionais particulares, não possam cantar cânticos de louvor a Deus que surgem de seus próprios corações. Não há evidência de que os cânticos de Maria e Simeão tenham sido usados de uma forma geral na igreja primitiva. Há uma ou duas evidências do uso do cântico de Maria na literatura da igreja primitiva, mas considerando a grande quantidade de literatura existente, isso não é considerado como menção.

2ª Pergunta:

O que dizer de pastores que usam o livro de Apocalipse e o louvor no céu como modelo de louvor para nós hoje na igreja? Apocalipse é um princípio que devemos usar?

Resposta: Aqui há uma diferença grande. Há uma diferença entre o céu e nós. Isso é um pecado. O que é seguro para ser permitido no céu, talvez não seja seguro para ser permitido aqui na terra. Se no céu só existe santos perfeitos e glorificados, é muito mais seguro dar a eles liberdade para cantar o que eles desejam. É muito mais seguro dar liberdade a eles no céu do que a nós na terra. Se nos for dada esta liberdade a nós que temos corações pecaminosos, veremos exatamente o que é evidente no mundo inteiro. Esta é uma diferença muito grande e sem paralelo.

3ª Pergunta:

Qual o princípio que está por trás do uso de trechos da Escritura para fazer cânticos de louvor? Devemos ver isso como fogo estranho?

Resposta: Tenho duas respostas que desejo dar a este tipo de pergunta. Em primeiro lugar, a Bíblia contém cânticos que Deus nos deu para que cantemos. E todo o resto está lá para lermos e pregarmos. Mas o preceito, tanto no VT como NT, é o cântico dos salmos. Então, se apenas algumas partes das sagradas Escrituras nos foram dadas para cantarmos, isso não significa que todas as partes das sagradas Escrituras nos foram para cantarmos. Então, é fogo estranho cantarmos o cântico de Maria no culto público? Acho que devemos ver as coisas de uma forma escalonada (gradação). Por exemplo. Vejamos o caso do homicídio. Matar alguém é errado. Mas se você mata cem pessoas, isso é bem pior e matar mil pessoas é mais grave ainda. Aos olhos de Deus algumas coisas são vistas de forma mais grave do que outras. Vejamos nossas roupas. Umas das recomendações da Bíblia é a modéstia no trajar. Vejamos uma escala. De um lado da escala há uma pessoa que se veste perfeitamente modesta, e do outro lado da escala há alguém que nem vestiu qualquer roupa, mas entre estas duas pessoas há alguém que está no meio. Vendo isso, vamos considerar a questão do culto. De um lado há um culto perfeito e nenhum de nós chegou a este ponto nesta terra. Então, vamos na direção da escala da perfeição. Mas do outro lado temos o bezerro de ouro ou o lado de Nadabe e Abiú: fogo estranho.

Há um espectro muito grande entre os dois extremos. Todos nós estamos em algum lugar nesta escala e estamos tentando nos aproximar mais e mais do culto perfeito. O fato de você não chegar do lado perfeito da escala, isso não significa que seja fogo estranho. Eu teria muita relutância em usar esta terminologia. Mas onde eu teria uma preocupação a enfatizar é que se você realmente souber o que é errado e mesmo assim faz e continua a fazer, isso é muito grave. Muitas pessoas estão, por ignorância, não tão adiantadas nesta escala e eu não devo me aproximar destas pessoas e dizer: é fogo estranho. Devemos de uma forma gentil, sábia, num primeiro tempo, tentar empurrar no sentido da perfeição e chamar outros a fazer o mesmo. Há casos difíceis. Se eu tivesse dado esta palestra na Escócia ou nos Estados Unidos eu teria recebido as mesmas perguntas.

Todos nós sabemos quais os casos difíceis. Mas não devemos deixar estes casos difíceis nos desviar a atenção da necessidade maior de aplicar os princípios bíblicos.

4ª Pergunta:

Quando nos convidam a visitar uma igreja que tem um culto que não é bíblico, do que devemos participar? Como participar dos hinos, das orações e leitura da Palavra? Resumido, quando nos convidam a visitar uma igreja e esta é uma chance que temos de levá-las à nossa igreja como retribuição à nossa visita, como devemos participar deste culto não bíblico?

Resposta: Esta é uma pergunta difícil. Depende de onde estamos e onde eles estão na escala. Vinte anos atrás eu passei um período de um ano no leste europeu. Eu estava ajudando o pastor numa congregação bem remota na Hungria. Um grupo de garotas estava chegando para um retiro em um convento católico romano, perto dali. Estas jovens disseram que poderiam participar do nosso culto naquele dia se no outro dia nós participássemos na adoração com elas. Nossos jovens e eu pensamos: “Isso parece ser muito bom”. À noite elas participaram conosco no culto e durante todo o culto pregamos a graça de Deus. Nenhuma obra, nenhuma obra, nenhuma obra...! Somente Cristo... Somente Cristo...! Estávamos ali martelando estas verdades. Mas no outro dia, ao amanhecer, logo pensamos: “Puxa, temos hoje de ir à capela católica romana”. Então, todos nós fomos lá e nunca vou me esquecer da sensação que tive logo ao entrar, porque eu tinha de pregar debaixo de um enorme crucifixo dourado. Havia imagem de Maria, de José e, em todo lugar, havia uma imagem de um santo. Percebi que havia tomado a decisão errada, pois a Bíblia nos diz que devemos fugir da idolatria. Então todos devemos nos perguntar: Será que podemos chegar a este nível de ser assim tão ofensivo a Deus?

Há um versículo que acredito ser relevante aqui: Mateus 15:8-9 – “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”. Veja que há duas coisas erradas com este culto. Um culto que não tem coração e não tem ordenanças (prescrições) divinas. Eles tinham adoração somada às ordenanças dos homens. Deus está dizendo aqui: “Era melhor fecharem suas bíblias e voltarem para casa porque sua adoração é vã”. Esta pergunta deve estar sempre em nossas mentes: “Como isto pode parecer a mim algo muito bom ou lindo?”. Esta não é a pergunta correta e sim: “Isto é bom aos olhos de Deus?”.

Dr. David Murray.

Evangelização

 

Evangelização

O que é a evangelização? Há muitas definições que são dadas. Poderíamos passar muito tempo só definindo-a. Mas quero dizer algumas coisas. Em primeiro lugar não devemos definir a evangelização nos termos daqueles que vão receber a mensagem. Isso pode nos levar a comprometer a mensagem e a mudá-la. Em segundo lugar, também não devemos definir a evangelização em termos dos seus resultados. Pois dessa forma, você diria que William Carey não estava fazendo evangelização nos primeiros anos em que ele esteve na índia, porque por muitos anos ele não viu nenhum convertido. Em terceiro lugar, não devemos definir a evangelização em termos dos métodos usados. Dessa forma, se pensarmos assim, os fins vão justificar os meios e nós vamos terminar naquilo que é tão comum hoje, a chamada "evangelização pragmática". Essa "evangelização" está mais preocupada com os números do que com a verdade. Nós precisamos definir a evangelização em termos do significado da própria palavra.

 Evangelização vem de uma palavra grega que significa "boas novas". Assim, poderíamos definir a evangelização como sendo a proclamação das boas novas, a proclamação do evangelho. Nele buscamos, pela graça de Deus, a conversão de pecadores. Num sentido mais amplo podemos dizer que inclui a edificação dos filhos de Deus. Inicialmente, a evangelização procura a conversão de pecadores e no sentido mais amplo, procura o discipulado daqueles que já nasceram de novo. Esta palavra grega aqui referida, euaggélion, está registrada 124 vezes no Novo Testamento. Portanto, a Bíblia é um livro evangelístico. Nosso Deus é um Deus evangelístico. Na verdade, a tocha da evangelização foi acesa originalmente, no Velho Testamento. Em primeiro lugar foi acesa pelo próprio Deus na primeira promessa messiânica que Ele deu a Adão e Eva, lá no Éden. Vemos isso em Gênesis 3:15: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu Ihe ferirás o calcanhar". Aqui, Deus Jeová está agindo como um Deus evangelista. Ele está interceptando Adão e Eva numa relação pactuai que eles estavam tendo com satanás e traz para eles a promessa do Messias que haveria de vir: a semente da mulher que haveria de esmagar a cabeça da serpente. Assim, Deus acendeu a tocha antes mesmo de Adão deixar o paraíso e, ainda lá, Ele revela Seu Filho que haveria de vir. Ele próprio é essa tocha.

Logo que o Novo Testamento se abre, nós encontramos a tocha, a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, que é "as boas novas", o evangelho; Ele é tanto o Salvador quanto a salvação. Quando Cristo começa a realizar o Seu ministério, bem cedo, ele começa a dar aos Seus discípulos instruções bem específicas quanto ao levar a tocha da evangelização. Quando Jesus ressuscitou dos mortos, deu-lhes a grande comissão como vemos em Mateus, capítulo 28. Esta grande comissão pergunta e responde importantes questões. Por que e como evangelizamos?  A nossa resposta é esta: evangelizamos por compaixão aos homens e mulheres que estão perecendo. Evangelizamos como Cristo, pois Ele chorou sobre a cidade de Jerusalém e nós devemos chorar sobre Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e sobre todo o Brasil. Quando vemos milhões que estão morrendo em nossa volta, estranhos a Cristo, sem Deus e sem esperança no mundo, alienados de Deus, inimigos de Deus, rebeldes como outrora nós também fomos, nossos corações precisam sangrar; nossos olhos, chorar; nossas orações, subir aos céus e assim seremos motivados a evangelizar por causa da compaixão.

Há outros motivos profundos que nos impelem à evangelização. Mateus, capítulo 28, deixa de forma absoluta e clara a grande motivação que é uma ordem de Jesus. Se nós amamos alguém, desejamos agradar-lhe e obedecer-lhe. Se amamos a Cristo queremos obedecer à Sua ordem e fazer a Sua vontade. Quando Cristo diz, "ide e ensinai", a Sua ordem em si é a nossa grande motivação. Naturalmente essa grande motivação é uma lição que nos vem através do conceito da soberania de Deus. Sempre fomos uma minoria na tradição reformada e uma outra minoria procura usar a soberania de Deus de uma forma, às vezes, não bíblica. Calvino diria que isso é como um "veneno" que está sobre, o conceito da soberania de Deus. Esta minoria, às vezes, procura diminuir a importância e o papel da soberania na salvação das pessoas. A ilustração clássica disso é o exemplo de William Carey. Quando ele explicou seu chamado para ir para a Índia, um dos que estavam naquela reunião lhe disse: "Sente-se, jovem, se Deus quer realmente salvar a Índia, Ele pode salvá-la sem a ajuda de William Carey ou de qualquer outro". Esta é uma afirmação terrível. Percebam que aquelas pessoas estavam separando a doutrina da soberania de Deus dos meios através dos quais essa soberania é exercida.

 Os meios que Deus usa no exercício da Sua soberania são homens pecadores como nós. Jesus disse: "Ide e ensinai". Jesus não está dizendo que se deixe a evangelização na esfera da soberania de Seu Pai. Também não está dizendo que devemos ficar apenas em uma sala ensinando. Há pessoas que têm um grande dom de ensinar, mas não saem para levar a mensagem de boas novas. Por outro lado, uma das grandes calamidades da Igreja hoje, é o fato de igrejas, que têm grandes alvos evangelísticos, possuírem líderes com tão pouca capacidade de ensino. Da mesma forma, igrejas que têm muitos com o dom de ensinar, frequentemente apresentam baixos alvos evangelísticos. Precisamos voltar à ênfase de Jesus, que era a colocação das duas coisas juntas - ir e ensinar! Estas duas ações precisam estar juntos. Precisamos ser motivados à evangelização reformada pela obediência ao nosso Mestre.

Quero citar mais um motivo. Devemos ser impelidos pelo nosso relacionamento com Deus. Paulo diz que se conhecemos a ira de Deus, nós precisamos persuadir os homens, pois ele sabia como são os homens e mulheres sem Deus. O apóstolo Paulo foi um deles, mas sabia o que significava ser salvo e ter um novo relacionamento com Jesus. Sabia a terrível realidade de uma alienação de Deus; também sabia o poder da reconciliação com Deus. Em 2 Coríntios,  . capítulo 5,ele fala de uma forma poderosa desta reconciliação. Nos  versículos 20-21 ele diz: "De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". Paulo estava, pois, motivado por aquela paixão e pelo desejo ardente de agradar a Cristo, como uma criança em profunda reverência por seu pai. Como fruto de uma grande apreciação e amor por Cristo.

 Todos os diferentes aspectos dos atributos de Deus e o relacionamento daqueles que crêem neles, motivaram Paulo a evangelizar. Ele sempre procurou glorificar a Deus em todas estas coisas: a soberania de Deus, o amor de Deus, a graça de Deus. Esta foi a motivação mais profunda da evangelização de Paulo. Não somente uma compaixão humana, não somente a ordem de Cristo, mas um desejo ardente de glorificar a Deus a quem ele conhecia. Ele tinha absoluta certeza de que qualquer um que cruzasse o caminho de Cristo, um dia estaria perante o julgamento de Deus e teria de responder diante dEle por todo o bem ou mal que fizera no seu corpo, nesta vida.

 Quando nós, pastores, ficamos de pé diante da nossa congregação, semana após semana, quão prontos estamos para esquecer que, mesmo que se passem cem anos, se o Senhor demorar a voltar, nenhuma pessoa na nossa congregação vai escapar do julgamento final de Cristo? Em toda a nossa evangelização, estamos lidando com almas viventes que poderão estar alienadas de Deus para sempre, ou que irão usufruir da presença gloriosa de Jesus eternamente. Há uma diferença radical entre estas duas coisas. A grande gloria que Deus recebe na conversão de pecadores motivava Paulo a fazer missões e evangelizar.

 A grande comissão responde a uma segunda pergunta. A quem devemos evangelizar? Mateus nos diz que devemos ir a todas as nações. Ide e ensinai a todas as nações. Há algo maravilhoso neste mandamento para a evangelização reformada, porque o evangelista reformado não fica apenas vendo a soberania de Deus no ato de eleger, pois este ato não é algo que impede o sucesso da evangelização, e sim, algo que o confirma. Quando Cristo nos envia a todas as nações, Ele vai reunir delas, aqueles que vão servi-lo e temê-lo  na Sua própria Palavra. Ele vai usar a loucura da pregação para salvar aqueles que devem e precisam crer. Que encorajamento maravilhoso para nós evangelizarmos, pois onde formos passando no meio desta torrente de depravação humana, não há nenhuma expectativa em nós ou na semente em si. Algumas sementes vão cair em solo rochoso ou à beira do caminho, e a nossa única esperança de que Deus Se agrade é que Ele venha a usar-nos como barro em Suas mãos para cumprir o Seu propósito de amor e soberania em termos da eleição. Dessa forma, Deus vai atrair pecadores a Si mesmo.

 Em Marcos 16:15 ("Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura") a grande comissão diz algo um pouco diferente. Pregar o evangelho a toda criatura! Mateus disse, "a todas as nações". Marcos particulariza a grande comissão. A ênfase é que o evangelho deve, não só ser levado a todas as nações, mas a todo homem, mulher, moço e moça que habitam nelas. O evangelho é o oferecimento de Deus aos pecadores. São as boas novas de Cristo e está disponível para todos. São boas novas de que Cristo os está convidando a virem a Ele como estão. As boas novas, entretanto, não consideram que cada pessoa tem força em si mesma para ir a Deus. As boas novas não afirmam que a pessoa é salva meramente por uma "decisão" por Cristo. A mensagem das boas novas não é que você vai declarar a cada um que ele está salvo. Não significa contar a cada um, que definitivamente Cristo morreu por você, não é simplesmente levar as pessoas a saberem que Cristo morreu por elas. Muitos pregadores pregam assim. Eles dizem: "Jesus morreu por todos e tudo que você tem de saber é crer que Ele morreu por você ". O que está errado com isso? No momento em que eu creio que Cristo morreu por cada um, então, eu posso concluir que há uma espécie de acordo que afirma: se Ele morreu por todos, então, morreu também por mim. Os pregadores que pregam assim, persuadem as pessoas a pensarem que estão salvas, mesmo sem ter recebido nenhum toque do Senhor. Contudo, apenas um assentimento intelectual sem essa bênção da fé salvadora, não salva.

 Uma fé salvadora pessoal, um arrependimento pessoal, uma convicção pessoal dos pecados e uma rendição diante de Deus de todas as suas justiças que são trapos diante de Deus, são ingredientes necessários para que você encontre a real salvação. Se você não compreende o que é ser um pecador perdido e condenado perante Deus, como pode apreciar a riqueza do evangelho? Dessa forma, a grande comissão nos encoraja a levar o evangelho a todas as nações, ao homem como um ser integral. Não leve o evangelho a pressionar apenas a vontade do homem, pois o evangelho afeta a vontade, as afeições, a totalidade do ser humano. Posteriormente veremos como os reformadores e puritanos praticaram esse tipo de evangelização. Quando eles apresentavam a Cristo de uma forma integral para um ser integral, acabavam proclamando todo o conselho de Deus.

Extraído do livro a Tocha dos Puritanos - Joel R. Beeke.

Discipulado

 

DISCIPULADO IPV

 Considerações sobre o discipulado:

 Introdução

O que é discipulado? Há com certeza uma diversidade de opiniões quanto ao propósito e modo de realizá-lo. Qual o tempo apropriado para realização de um Curso de Discipulado e qual o número de lições é ideal? Ou ainda, quais as discussões se darão geralmente em torno do conteúdo das lições e métodos de aplicação. Todavia, A preocupação principal que devemos ter quanto ao discipulado, se é que estamos sendo bíblicos ou não na nossa concepção.

Precisamos partir do modelo apresentado por Jesus (embora não seja o primeiro modelo apresentado na Bíblia) que é o mestre dos mestres. Jesus teve um ministério onde ensinou multidões, mas concentrou a sua mensagem nos seus discípulos, formando a base para a continuidade do seu ministério a partir do discipulado. Sendo esta a principal ordem dada aos seus discípulos antes da sua ascensão (Mateus 28.18-20; Mc 3.14).

A Igreja necessita resgatar o discipulado. Tanto um conceito, como uma prática correta de discipulado evidenciará a saúde espiritual da igreja. Dietrich Bonhoeffer disse:

Em tudo que segue, queremos falar em nome de todos aqueles que estão perturbados e para os quais a palavra da graça se tornou assustadoramente vazia. Por amor a verdade, essa palavra tem que ser pronunciada em nome daqueles de entre nós que reconhecem que, devido à graça barata, perderam o discipulado de Cristo, e, com o discipulado de Cristo, a compreensão da graça preciosa. Simplesmente por não querermos negar que já não estamos no verdadeiro discipulado de Cristo, que somos, é certo, membros de uma igreja ortodoxamente crente na doutrina da graça pura, mas não membros de uma graça do discipulado, há que se fazer a tentativa de compreender de novo a graça e o discipulado em sua verdadeira relação mútua. Já não ousamos mais fugir ao problema. Cada vez se torna mais evidente que o problema da Igreja se cifra nisso: como viver hoje uma vida cristã.

Este é o modelo Bíblico onde é possível desenvolver o caráter de Cristo na vida dos envolvidos. Conhecer a Deus por meio de Jesus, e glorificá-lo num relacionamento construtivo como Igreja. Nesse relacionamento construtivo o alvo é preparar discípulos para um envolvimento nos ministérios e departamentos da igreja, proporcionando um fortalecimento qualitativo, que resultará naturalmente na multiplicação de outros discípulos.

 A Definição de Discipulado

Ser discípulo é muito mais do que ser um mero aprendiz temporário. David Kornfield diz: o discipulado não é um programa. Não é uma série de módulos. Não é um livro de iniciação doutrinária. Não é apenas um encontro semanal. Não é um novo sistema de culto nos lares.

Discipulado é uma relação comprometida e pessoal, onde um discípulo mais maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais dEle e assim reproduzirem.

O discipulador não é simplesmente um professor. Ele é alguém que além de informar também coopera na formação espiritual do seu aprendiz, tornando-se referência para o discípulo. Mas, devemos sempre lembrar que nenhum discipulador é modelo de perfeição, mas sim, um modelo de transformação, mostrando que assim como o discípulo, ele também está num processo, que a cada dia subirá um degrau na absorção do caráter de Cristo. Com este sincero objetivo ele poderá identificar-se com o discípulo. Seguindo o exemplo de Paulo: “...não que o tenha já recebido, ou tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.12). 

John Sittema nos lembra que discipular é “reproduzir a si mesmo e sua fé na vida de outros.” Evidentemente não podemos confundir, porque o Senhor Jesus exige que façamos discípulos dele e não nossos. Novamente podemos citar Sittema observando que “esse processo requer o desenvolvimento de um relacionamento de confiança, de exemplo, de revelação do nosso coração e da nossa fé ao discípulo que, por sua vez deve imitar o padrão de fé do seu mestre.”

Discípulo formando discípulos

Antônio Carlos F. de Menezes comenta que “a evangelização é fruto de uma vida com Deus. Uma pessoa que não evangeliza nem testemunha o que Deus fez na sua vida não se converteu, ou está desviado dos caminhos do Senhor”. Quantas pessoas foram transformadas por Deus em crentes maduros e multiplicadores, graças ao fato de você, um dia, ter se apegado às suas vidas, e investido tempo com elas, de modo que Deus usou a sua vida como exemplo?

O fiel discípulo de Jesus forma outros discípulos. Este princípio acontece em conseqüência da obediência ao claro ensino da Escritura quanto ao crescimento do Corpo de Cristo. Luis Aranguren comenta que a relação entre o discipulador e o aprendiz está “baseada no modelo de Cristo e seus discípulos, na qual o mestre reproduz no discípulo a plenitude de vida que ele próprio tem em Cristo, de tal forma que o discípulo se capacita para ensinar a outros.” Analisaremos alguns exemplos deste princípio bíblico:

 1.Jesus e o treinamento dos doze

O Senhor Jesus constantemente pregou às multidões, mas o seu ensino foi direcionado aos seus discípulos. A Escritura relata que “Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar” (Mc 3:13-14).

 2.Barnabé e Saulo – Atos 9.26-27; 13.1-3.

No primeiro texto vemos Barnabé tomando Paulo consigo e o apoiando em um momento que enfrentava a oposição dos irmãos que não acreditavam em Paulo. Vemos aqui que apesar de todo conhecimento bíblico que Paulo possuía (Atos 22.3) ele agora precisava de alguém que o apoiasse e que o colocasse em condições de servir a igreja. Nesse direcionamento Barnabé foi peça fundamental. No capítulo 13 vemos Lucas mostrando uma lista de profetas e mestres, onde Barnabé está encabeçando esta lista e Saulo é o último da lista, não sabemos exatamente se há implicações quanto a esta ordem na lista, mas no versículo 3 vemos ambos sendo separados pelo Espírito Santo e pelos irmãos e mandados juntos para sua primeira missão. Vemos aqui, que o período de discipulado já dava seus primeiros frutos.

3.Barnabé e João Marcos – Atos 13.13; 15.37-39; 2 Tm 4.11.

Aqui vemos num primeiro momento João Marcos sendo objeto de contenda entre Paulo e Barnabé, em virtude de ter abandonado uma missão recém-iniciada. Depois lemos Barnabé tomando João Marcos e fazendo o mesmo que fizera anteriormente com Paulo, ou seja, tomando alguém nascido de novo em Cristo, mas que necessitava de ajustes em seu caráter cristão. Por fim vemos Paulo já no final do seu ministério recomendando a Timóteo que lhe enviasse João Marcos, pois lhe seria útil para o ministério do apóstolo. 

 4.Paulo e Timóteo – Atos 16.1-2; 2 Tm 2.2

Neste texto de Atos verificamos que Paulo tomou esse jovem discípulo e o fez acompanhá-lo, com certeza seguiu-se a partir daí, um período de discipulado, pois Paulo já no final do seu ministério se dirige a Timóteo com essas palavras “e o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo, transmite a homens fiéis e também idôneos para que instrua a outros”.

Para nós, o discipulado é muito mais do que simplesmente passagem de informação, antes é formação, pois o que temos visto em muitas igrejas é apenas uma transmissão de lições que não chega a ser um verdadeiro discipulado, pois não forma, apenas informa. Cremos que um discípulo de Jesus não pode ser formado, em apenas 6 meses, por exemplo; contudo, ele pode até ser recebido como membro, mas, o discipulado deve continuar. 

A experiência tem mostrado que muitos dos que são recebidos como membros de uma igreja local, após o curso de discipulado, passam a não ter mais a mesma disposição de aprender. Ou seja, de submeterem-se a um discipulado mais maduro. Conseqüentemente a formação de um caráter cristão, e o seu crescimento espiritual que até então era notável, também sofre uma desaceleração.  

Vivendo relacionamentos saudáveis

Vamos refletir a respeito do que você tem que ser e fazer como membro do Corpo de Cristo e discipulador. Em nosso relacionamento necessitamos que você tenha um comportamento aprovado pelo Mestre. Se você quer ensinar, então deve ser exemplo. Paulo fez a ousada declaração aos crentes da igreja de Corinto “sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co 11:1). Escrevendo aos Filipenses o apóstolo exige que “o que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco” (Fp 4:9).

Podemos classificar algumas sugestões, que você como servo do Senhor, deve viver para influenciar positivamente a vida do novo discípulo. Eis algumas delas:

1.Obedeça sempre a Palavra de Deus.

2.Cuide bem da sua família. Quando necessário busque auxílio pastoral para aconselhamento.

3.Não perca a ternura. A amargura mata o vigor espiritual e nos torna indiferentes com a santidade.

4.Nunca seja orgulhoso. A soberba é essencialmente competitiva e ofensiva.

5.Não seja uma oposição rebelde à liderança da igreja; pelo contrário, contribua com críticas construtivas.

6.Exercite uma vida de oração contínua. A intimidade com Deus é o exercício do relacionamento que Ele exige.

7.Cultive uma vida de santificação pessoal.

8.Anseie ardorosamente andar dentro da vontade de Deus para que você esteja na Sua presença aprovado.

9.Aprenda com a Bíblia acerca do sentido e propósito da sua vida.

10.Humilhe-se diante de Deus naqueles momentos de crise e desespero.

11.Seja sincero em desabafar os desafetos e problemas nos aconselhamentos, buscando respostas na sabedoria da Palavra de Deus.

12.Chore lágrimas de quebrantamento e não de amargura.

13.Não desista do seu compromisso com o Senhor, pois Ele é fiel à Sua Aliança contigo.

14.Permita-se ser pastoreado.

15.Esteja atento áquilo que a Palavra de Deus tem a dizer.

16.Com temor aceite a repreensão dos seus pecados, buscando o arrependimento sincero.

17.Seja humilde em pedir perdão e disposto em perdoar.

18.Deseje crescer e servir com eficácia e aceitação diante de Deus.

19.Identifique os dons que o Espírito Santo lhe deu e use-os no serviço e edificação dos irmãos.

20.Seja produtivo, para que não caia na futilidade e não perca o seu propósito de glorificar a Deus.

Estas atribuições serão para você contínuos desafios como um discipulador. Todavia, para que consiga viver efetivamente você necessita praticar a mutualidade da comunhão (uns aos outros) no Corpo de Cristo. Não existe rebanho de uma ovelha só.

O motivo do Discipulado

O propósito do Discipulado é um só. Todavia, ele é como uma corda trançada de vários fios. Podemos mencionar os elementos que somam ao principal motivo.

1.Ao aplicar o discipulado apresentamos o evangelho da salvação aos eleitos de Deus proporcionando a oportunidade para que o Espírito Santo aplique a graça irresistível. Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus, visando a reeducação para uma vida transformada.

2.Através do discipulado preciosas vidas são libertas das trevas e do poder de Satanás para luz do reino do Filho de Deus.

3.Com o discipulado a igreja cresce espiritual e numericamente.

4.Pelo discipulado ensinamos as pessoas a reconhecer a soberania de Cristo sobre todas as esferas da vida humana, inclusive na ciência, na arte, na educação, na economia, na política e na recreação.

5.O propósito essencial que envolve todos os demais é a glória de Deus. O profeta Oséias disse “conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6:3).

O Objetivo do Discipulado

Cremos que o objetivo geral do discipulado de certa forma já foi mostrado na introdução e definição, todavia, seremos um pouco mais específicos quanto ao objetivo. Devemos nos perguntar que mudanças Deus têm feito na vida de outras pessoas através da minha vida?

1. Instruir para evangelizar

Alguns chamam de pré-evangelismo a instrução de doutrinas básicas da fé cristã. O pré-evangelismo é ao mesmo tempo didático como apologético. É didático porque se propõe a estabelecer as doutrinas fundamentais sobre o trino Deus, o que é a Bíblia, pecado, graça, perdão, expiação, céu, inferno, e tantas outras palavras chaves que preparam o evangelizado para receber a verdade integral para a sua vida. O chamado missionário de Ashbel G. Simonton ocorreu no Seminário Teológico Princeton (14/10/1855), quando num sermão o Dr. Charles Hodge “falou da necessidade absoluta de instruir os pagãos antes de poder esperar qualquer sucesso na propagação do Evangelho e mostrou que qualquer esperança de conversões baseada em obra extraordinária do Espírito Santo comunicando a verdade diretamente não é bíblica.”

Vivemos numa sociedade pós-moderna onde não basta apenas dizer: arrependa-se e creia em Cristo. É possível que no decorrer dos estudos se descubra que o discípulo carrega consigo uma carga enorme de conceitos estranhos e talvez anticristãos que recebeu em sua formação. É necessário redefinir palavras com fidelidade a Escritura.

 2. Formação de caráter

Como vimos na definição, este aspecto do objetivo será o de implantar no discípulo um caráter que mais se aproxime da imagem de Jesus Cristo (Rm 8:29). Portanto, não é algo a ser aplicado apenas a um cristão menos experiente; ou com pouca idade, ou com pouco ou muito tempo de igreja, pouca ou muita experiência de vida. Mas sim, cristãos comprometidos e humildes o suficiente para reconhecer que ainda necessitam de transformação. A santificação é progressiva. Conseqüentemente, se relacionarão melhor (At 2.42-47). Esta divisão é imprescindível para prosseguirmos com as outras duas seguintes.

 3. Evangelização pela amizade

A evangelização eficaz acontece através da amizade. Pessoas que demonstram o amor de Cristo, que se preocupam umas com as outras, são pessoas que cuidam umas das outras. O papel do discipulado é explicar o “porquê” desse cuidado e comunhão. A transformação pessoal através de relacionamentos ocorre quando o amor de Deus é manifestado através dos seus filhos (Jo 17:20-23). Existe uma legítima diferença entre evangelismo e discipulado. John R.W. Stott comenta que

no evangelismo proclamamos a loucura do Cristo crucificado, a qual é a sabedoria de Deus. Decidimos não saber mais nada e, mediante a insensatez dessa mensagem, Deus salva aqueles que nele crêem. No discipulado cristão, entretanto, ao levar pessoas à maturidade, não deixamos a cruz para trás. Longe disso. Antes, ensinamos a completa implicação da cruz, incluindo nossa suprema glorificação.

 A Bíblia afirma que os cristãos sobrevivem e crescem nos relacionamentos mútuos:

Membros uns dos outros (Rm 12:5)

1.Amando cordialmente uns aos outros (Rm 12:10).

2.Honrando uns aos outros (Rm 12:10).

3.Tendo o mesmo sentir uns para com os outros (Rm 12:16; 15:5).

4.Amando uns aos outros (Rm 13:8).

5.Edificando uns aos outros (Rm 14:19).

6.Acolhendo uns aos outros (Rm 15:7).

7.Admoestando uns aos outros (Rm 15:14).

8.Saudando uns aos outros (Rm 16:16).

9.Esperando uns pelos outros (1 Co 11:33).

10.Importando uns com os outros (1 Co 12:25).

11.Servindo uns aos outros (Gl 5:13).

12.Levando a carga uns dos outros (Gl 6:2).

13.Suportando uns aos outros (Ef 4:2; Cl 3:13).

14.Sendo benignos uns para com os outros (Ef 4:32).

15.Sujeitando-se uns aos outros (Ef 5:32).

16.Consolando uns aos outros (1 Ts 4:18; 5:11,14).

17.Confessando pecados uns aos outros (Tg 5:16).

18.Orando uns pelos outros (Tg 5:16)

19.Sendo hospitaleiros uns com os outros (1 Pe 4:9)

20.Tendo comunhão uns com os outros (1 Jo 1:7).

4. Crescimento numérico natural

Uma igreja local saudável naturalmente se desenvolve e cresce. Lucas narra que “a igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (At 9:31). Quantas pessoas se converteram através da sua evangelização? É triste saber que há cristãos que nunca levaram ninguém a Cristo. É óbvio que quem realiza a sobrenatural obra regeneradora é o Espírito Santo, mas Deus decidiu chamar pecadores perdidos através de pecadores perdoados. O apóstolo João relata que André após conhecer pessoalmente a Jesus foi em busca de seu irmão Simão e “o levou a Jesus” (Jo 1:42).

A igreja atual tem gradativamente perdido a noção de que cada cristão é um ganhador de almas. Até a mesmo a expressão ganhador de almas soa um tanto que estranho aos nossos ouvidos pós-modernos, mas era um termo muito comum até o fim do século 19. Esta expressão é uma menção à declaração do apóstolo Paulo que disse: “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1 Co 9:19).

Somos cooperadores desta maravilhosa obra de reconciliação. A Escritura declara que “somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5:20). Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus. Waylon Moore afirma que “a evangelização é o meio que proporciona convertidos, e é o campo de adestramento para o desenvolvimento dos discípulos. Quando a igreja exala discípulos, então inala convertidos.”

5. Amadurecimento espiritual

Esta divisão se refere principalmente a formação de líderes que estarão discipulando no futuro. Mas haverá também, multiplicação dos discípulos de Cristo, pessoas que serão tratadas no seu caráter e transformadas para glória de Deus, a fim de ocuparem outros lugares na Igreja de Jesus.

É comprovado por pesquisas que nos primeiros meses de conversão o potencial evangelístico do cristão é muito mais aguçado. Se os grupos de discipulado estiverem abertos a visitantes, será também um forte instrumento de evangelização, pois o novo convertido desempenhará como nenhum outro a tarefa de trazer pessoas para ouvir a mensagem de Cristo, além do resultado positivo que a comunhão pode produzir no coração do visitante.

6.Preparo para os ministérios no Corpo de Cristo

Os ministérios na igreja local são diversos e também diversos os dons, portanto, o Discipulado deve visar também os demais ministérios dentro da Igreja. Teremos como um resultado natural um número maior de membros envolvidos na evangelização, evitando a ociosidade e outros problemas conseqüentes. A mente desocupada é produtiva oficina do diabo!

Nenhum ministério (serviço) é superior ao outro. Um ministério depende do outro. Todos os ministérios cooperam entre si. Ef 4:11-12

Princípios para Discipuladores

1. Adepto da visão de Discipulado

É necessário que o discipulador tenha realmente absorvido a visão do discipulado e não simplesmente concordado com sua eficácia. Em outras palavras, é necessário que ele esteja envolvido intelectualmente, emocionalmente e voluntariamente com a visão.  Qual a importância disso? George Barna diz que a visão é a “força impulsora por trás da atividade de um líder ou grupo de pessoas motivadas. É uma força interior que guia o indivíduo através de dificuldades imprevistas ou estimula a agir quando exausto ou hesitante em dar o próximo passo rumo a meta a ser alcançada.”

Quando se tem a visão deste ministério, se ocorrer do responsável pela implantação do discipulado vier a desistir do trabalho, aquele que tem a visão, não abandonará a idéia e nem o trabalho. Pois ele vê nessa visão algo essencial à vida da Igreja.  Para nós este fator motivador é a verdade bíblica sobre discipulado confirmada e estimulada pela iluminação do Espírito Santo.

Uma das coisas mais necessárias para que a igreja local evite a paralisia e a rotina é ter uma visão nitidamente do porquê e para quê ela existe.

 2. Determinação e compromisso

Aquele que assume o ministério do discipulado deve estar consciente da grande responsabilidade que está assumindo. Este compromisso pode ser deleitoso, caso assuma totalmente este ministério, pois é um ministério de formação de vidas, o qual poderá ver na prática o fruto do seu trabalho. Porém, deve ser lembrado que aqueles discipulados serão pessoas que, muitas vezes, vêm para a igreja, feridas, problemáticas, com conceitos errados e costumes que deverão ser trabalhados através de um acompanhamento sincero, onde o discipulador deverá identificar-se com tais pessoas e seus problemas, não deixando de confrontar o que está errado, equilibrando para não tomar uma posição legalista (Tt 2:11-15). Isto deve ser feito com amor. 

O princípio a ser seguido aqui entre discipulador e discípulo é o da “identificação”. Caso o discipulador não se identifique com o problema do discípulo, este não sentirá segurança em ser pastoreado, comprometendo assim o objetivo do discipulado. Muitas vezes o discípulo será acometido de desânimo, e caso o discipulador não tenha determinação e compromisso, também será absorvido pelo desânimo do seu discípulo. Por isso também, não falte aos compromissos e só desmarque em casos totalmente incontornáveis. 

 3. Deve ser empático

O discipulador deve ter facilidade para desenvolver um relacionamento pessoal. Precisa estar disposto a ter uma amizade sincera com o seu discípulo e trabalhar continuamente para esse fim, deve ter um comportamento pastoral, sendo sensível aos problemas e necessidades do discípulo, expressando esse sentimento através de: aconselhamento, oração e outros tipos de ajuda, se necessário.  Portanto, deve ter um profundo senso de equipe; já vimos que pessoas auto-suficientes não têm característica de ovelha, mas sim de lobo.

O discipulador deve entregar o discípulo aos cuidados de todos os recursos da igreja. Se necessário encaminhá-lo ao pastor da igreja.

 5. Bom testemunho

Isto envolve muito mais do que ser simplesmente um crente “bonzinho”.  Mas deve ser alguém que se preocupe em ser fiel àquilo que é bíblico e lute por isso, na sua vida em primeiro lugar. Deve ser alguém que tenha “sede de Deus”, para aprender, orar e envolver-se.

 6. Saber ouvir

O discipulador é uma pessoa que sabe dar a oportunidade para que outros falem. Que se agrade em ver o desenvolvimento de seus discípulos. Que não venha pelo seu orgulho inibir o crescimento do discípulo. Quem sabe ouvir, saberá que deve fazer o discípulo pensar e não dar respostas prontas, como se fosse o dono da verdade. Evite este três erros:

 1.Não ignore o que está sendo falado.

2.Não aparente estar ouvindo, desligando-se mentalmente da conversa.

3.Não ouça as palavras, sem “ouvir” os sentimentos que estão por trás delas.

 Quem será discipulado?

 1. Discipulado de visitantes contínuos

Devemos aproveitar as oportunidades e oferecer o Curso de Discipulado àqueles que estão visitando a nossa igreja com certa freqüência. Provavelmente esta pessoa aceitará o curso, pois, as suas repetidas visitas a igreja demonstra um certo interesse.

 2. Discipulado de novos convertidos

É necessário discipular os novos convertidos para acelerar o processo de maturidade e firmeza na fé. Se esperássemos que este novo convertido aprendesse sobre a vida cristã, apenas vindo à igreja nos cultos, provavelmente, ele levaria muito tempo. A experiência tem nos mostrado que alguns levam anos para estarem prontos para a evangelização sem o discipulado, ou para servir em outro departamento dentro da igreja.

 3- Amigos, vizinhos e membros da igreja:

Possuímos muitos amigos que desejam aprender da palavra de Deus e crescer na fé que podem ser discipulado. Também nossos vizinhos que com certeza desejariam saber como é nossa convivência com Deus e como podemos ajuda-los. E ainda há membros na igreja que sentem o desejo de participar de um grupo de discipulado para conhecer melhor a Palavra de Deus.

 3- Lideres que Queiram ser discipuladores:

Há na igreja muitas pessoas dispostas a se doarem para discipulado como lideres. Estes irmãos devem ser discipulados para que possam discipular outros que desejam ser discipulados. E para que possam crescer na fé e no conhecimento.

 O Método do Discipulado

O método é a forma como desenvolveremos na prática o discipulado, portanto, terá um como ênfase principal de levar cada discípulo a conhecer melhor a Palavra de Deus e se comprometer em vivê-la de forma prática e diária. Como ponte secundária da visão do discipulado teremos como objetivo difundir o conhecimento da doutrina reformada e da visão da Palavra de Deus da Igreja Presbiteriana do Brasil.

 Como acontecerá o discipulado:

 1. Encontros semanais

Estes encontros devem ser num dia e hora que sejam próprios tanto para o discipulador como para o grupo de discipulado.

 2. Local

Deve ser um local cômodo onde haja liberdade de expressão. O discípulo não pode ser intimidado a expor as suas conclusões.

 3. Tamanho do Grupo

Deve ser pequeno, pois temos a convicção de que nunca desenvolveremos relacionamentos num “grupão”.

 4. Programa do encontro do Discipulado

O programa deverá ter duração de 1 hora. Constará de:

Oração: No caso de discipulado para novos convertidos, procurar ser o mais abrangente possível no linguajar usado, evitando com isso um futuro constrangimento quando chegar o momento do discípulo orar, pois se sentirá incapaz de orar como o seu discipulador. 

Lição: O estudo bíblico indutivo seguido pela apostila ou revista do aluno. Deve-se neste ponto lembrar sempre da definição e do objetivo do discipulado, para que as lições se ajustem a este propósito. Tudo o que é bíblico é adequado, porém, deve-se ter o cuidado de sempre pensar em termos práticos, qualquer que sejam as lições.

Compartilhar: Discutir a lição, fazer aplicação à vida pessoal ou do grupo. Momento para testemunho, oportunidade para o discípulo apresentar possíveis problemas e momento para exercer pastoreio. Caso haja mais de um, deve-se observar com atenção se nenhum discípulo está ficando de fora da conversa.

Distribuição do tempo: O discipulador deverá aprender a distribuir de maneira proveitosa cada parte do programa do encontro, caso perceba que algum discípulo está enfrentando algum problema, deverá organizar o tempo para que possa dedicar maior atenção àquele discípulo, caso necessário marque outro horário para conversar individualmente a respeito do problema.

 5- Programa de Crescimento do Discipulado

O discipulado visa a maturidade do cristão dentro do corpo da igreja, sendo assim o mesmo possuirá fases onde cada discipulado vai crescer a medida da sua maturidade.

1-Primeira fase: discipulado básico: é o momento de integração e de cada pessoa que deseja fazer parte do discipulado nos grupos de interesse básico.

2-Segunda Fase: é quando o dicipulando se torna um possível líder de discipulado e vai para o grupo de Dicipuladores.

3-Terceira Fase: é momento que o discipulador forma seu grupo de discipulado e comece a por em prática seus objetivos.

4-Quarta fase: é quando o discipulador alcança maturidade e capacidade de se tornar um líder de Dicipulado.

IMPLANTAÇÃO DO DICIPULADO NA IPV

 1-Uma proposta para três anos.

 1. Primeiro ano: Teremos como ênfase principal a implantação do projeto o que inicialmente desprenderá tempo para levarmos ao conhecimento da igreja a visão e como o discipulado vai funcionar, então as fases do discipulado vai ocorrer da seguinte forma:

 Primeiro Ano:

a-Implementação da visão – Fevereiro e Março.

Neste momento os programas da IPV serão voltados para mostrar o que é um discipulado bíblico autentico. Sermões e palestras serão voltadas para o conteúdo do que podemos pensar sobre o discipulado.

b-Implantação do discipulado – Abril e maio

A visão será repassa a igreja de tal forma as pessoas serem desafiadas a se comprometerem a serem discípulos, inclusive com visitas a igrejas que funcionam com a visão do dicipulado.

c-Discipulando os discipuladores: Agosto à dezembro.

 Segundo Ano:

 a-Criação dos grupos de discipulado: Fevereiro a Março.

b-Grupos iniciam suas atividades: Abril.

c-Avaliação e mudanças necessárias: Junho.

d-Discipulado se torna a ênfase dos discipuladores: Agosto a Dezembro.

 Terceiro ano: 

Discipulado se torna a principal formação de cristãos maduros da IPV.

 Conclusão

É importante lembrar que o alvo não é apenas a multiplicação de conversões, mas, que principalmente da maturidade e crescimento dos cristãos convertidos, e outros novos convertidos virão como conseqüência dessa maturidade.

 Compromisso permanente do discipulador

 1.Em obediência à Grande Comissão (Mt 28:18-20) ordenada por nosso Senhor Jesus, comprometo-me em fazer discípulos tendo Cristo como mestre.

2.Comprometo-me em estudar as Escrituras a fim de estar preparado a dar razão da nossa fé.

3.Disponho-me a ensinar a Palavra de Deus com integridade de vida e fidelidade à verdade.

4.Quando não souber a resposta de qualquer questão que seja, não tentarei inventar uma, mas com humildade buscarei aprender para ensinar somente a verdade, pois, também sou discípulo e estou no processo do saber em amor.

5.Creio que ao discipular apresento o evangelho da salvação aos eleitos de Deus proporcionando a oportunidade para que o Espírito Santo aplique a graça irresistível. Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus, visando a reeducação para uma vida transformada.

6.Comprometo-me de ser exemplo de transformação de vida para os meus discípulos.

7.Assumo a responsabilidade de comunicar-lhes a visão de discipulado: um discípulo formando discípulos.

8.Acredito que cada vida a mim confiada é importante para Deus. Meu objetivo básico não é aumentar o número de membros da minha igreja, mas, conduzir o discípulo a aumentar o seu amor por Cristo como o seu Salvador.

9.No que estiver ao meu alcance tentarei instruir e aconselharei o meu discípulo em suas dúvidas e problemas, guardando sigilo e preservando a sua dignidade. Entretanto, o que não souber resolver encaminharei ao pastor e aos presbíteros para um acompanhamento adequado.

10.Submeto-me às autoridades de nossa igreja, enquanto elas permanecerem fiéis à Escritura Sagrada, reconhecendo serem instituídas por Deus para o meu bem e de todo o corpo de Cristo.

Informação Denominacional

A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja protestante reformada, de orientação calvinista presbiteriana. Foi fundada em 1862 por um missionário estadunidense chamado Ashbel Green Simonton, que chegou ao Rio de Janeiro no dia 12 de agosto de 1859. Possui aproximadamente 1.011.300 membros distribuídos em mais de 10.407 igrejas locais e congregações em todo o Brasil.(Fonte wikipedia)

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